Tecnologia auxilia seguradoras a diminuir o número de perdas com golpes envolvendo diversos tipos de seguros
Um dos principais desafios do mercado de seguros é lidar com as fraudes – que crescem ano a ano. Em 2017, o número de golpes comprovados representou R$ 730 milhões, ou 2,2% do total de R$ 33 bilhões em indenizações registradas pelas seguradoras. Em 2016, o percentual foi de 1,8% do total de sinistros, ou R$ 520,2 milhões. Os dados são da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg). A transformação digital pode ser uma saída para vencer esses obstáculos, mas o alcance dos resultados exige maturidade das organizações.
São consideradas irregularidades desde golpes em sistemas de internet banking ou mercado financeiro até tentativas de burlar sinistros de automóveis. Todas impactam diretamente no lucro das seguradoras, ameaçando a sustentabilidade dos negócios.
Mas, segundo Marcelo Lau, professor e coordenador do MBA em cibersegurança da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap), é possível preveni-las. E até mesmo ferramentas simples são eficientes. “Firewall de computadores ou um antivírus atualizado ajudam a barrar irregularidades. Com alguns mecanismos é possível identificar de que computador está partindo a tentativa de golpe”, explica.
Lau esclarece que, no caso dos sinistros de automóveis o comportamento do cliente é o principal meio para se descobrir uma tentativa de golpe. Mapear o histórico do uso de sinistros é um caminho – e a tecnologia também é usada aqui. “As mídias sociais fornecem informações importantes para a investigação. Dados armazenados pelo big data da seguradora também são valiosos.” Mas o especialista alerta que a perícia digital só entra em ação se a fraude aconteceu por meio de tecnologia. “Nos processos comuns a investigação é offline”, complementa.
A internet das coisas (Internet of Things – IoT) e o blockchain também são alternativas na detecção de fraudes, mas exigem alto grau de transformação digital das seguradoras. Ronaldo Cristiano Pratti, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) e doutor em ciências da computação e matemática computacional, explica que essas tecnologias agem como se houvesse um conjunto de rastreadores inteligentes que conversam entre si para verificar a possível fraude. “No transporte de cargas, por exemplo, um sensor nos produtos se comunica com outro no veículo, e ambos mandam informações para uma central de monitoramento. Dessa maneira, os dois são rastreados simultaneamente.”
Cultura de dados
Para o professor, a detecção mais eficiente provém de empresas que possuem uma sólida cultura de dados, ou seja, coletam, armazenam, processam e analisam informações sistematicamente, de forma estruturada. “Essa cultura pode ter vários níveis de maturidade, desde o mais simples, com o uso somente de dados operacionais da empresa, até os mais sofisticados, que trabalham as informações coletadas com IoT e blockchain.”
A tecnologia, portanto, é um caminho para tornar mais eficiente a detecção e prevenção de fraudes nas seguradoras. Mas ela sozinha não basta. É preciso promover a verdadeira transformação digital, que inclui a adoção de uma cultura baseada em tratamento e uso de dados. Somente assim as perdas financeiras são minimizadas.
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Foto: Shutterstock
23 de novembro de 2018 | Atualizado dia 6 de novembro de 2018
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