Qualidade, melhoria contínua e criatividade são algumas das linhas de pensamento estruturadas há pelo menos meio século – e que continuam inspirando a resolução de problemas.
por Alencar Marabiza
Muitas das realizações da atualidade são consideradas disruptivas, principalmente quando observamos os modelos de negócios estabelecidos pelas startups. Boa parte das inovações que vemos em nosso dia a dia e que dão pistas do nosso futuro são, de fato, revolucionárias. Mas, quando paramos para analisar a origem dessas transformações, ou do que pode ter sido um estímulo para elas, nos deparamos com metodologias e linhas de pensamento que surgiram há pelo menos um quarto de século.
Recorrer a essas ideias já estabelecidas e comprovadas pode ser um caminho certeiro para a tomada de boas decisões, uma vez que carregam lições atemporais. Listo, a seguir, alguns desses pensamentos:
- A filosofia da qualidade total, criada por Edwards Deming e Joseph Juran em 1951, nos trouxe conceitos como excelência nos processos, cultura de melhoria contínua, criação de um melhor relacionamento com os clientes e fornecedores, envolvimento de todos os colaboradores nos objetivos da empresa e, por fim, clara orientação para o mercado. Ou seja, não é mera coincidência que estejamos, neste momento, discutindo as mesmas questões que pensadores como Deming e Juran levantaram no passado. Elas fazem parte da essência de uma organização que gera valor e resultado a seus stakeholders.
- O pensamento lateral, termo criado por Edward de Bono em 1967, valoriza a geração de novas ideias e o abandono daquelas que se tornam obsoletas, como um caminho para fugir do raciocínio convencional. Esse pensamento, aplicado ao contexto das empresas, funciona como um fomento ao potencial criativo – o que se torna, também, um recurso estratégico para a organização, especialmente em tempos de transformação como os que vivemos.
- Genichi Taguchi, engenheiro e estatístico nascido no Japão, foi responsável por desenvolver, a partir da década de 50, uma metodologia que deu ênfase à perda que pode ser ocasionada por conta da insatisfação dos clientes, gerando custos e até mesmo danos à reputação da empresa. O sistema elaborado por Taguchi busca levar os conceitos de qualidade e confiabilidade de volta ao estágio de projeto, ou seja, antes da fabricação. Com isso, o método possibilitou os testes de produtos antes do início da produção.
- Masaaki Imai foi o responsável pela criação do Kaizen, a prática da melhoria contínua. O conceito foi introduzido no Ocidente com o livro “Kaizen: The Key to Japan’s Competitive Success” (ou “Kaizen: a chave para o sucesso competitivo do Japão”, em tradução livre) em 1986. O pensamento é reconhecido como um importante pilar da estratégia competitiva de longo prazo para as organizações. Seus princípios orientadores são: processos consistentes conduzem aos resultados desejados; ver por si mesmo para compreender a situação atual; falar com dados e gerir com base em fatos; tomar medidas para conter e corrigir as causas dos problemas; e trabalhar como equipe
- O norte-americano Philip Crosby contribuiu com conceitos a respeito da gestão da qualidade, tais como: qualidade significa conformidade com requisitos, não bondade; qualidade é alcançada pela prevenção, não pela avaliação; e a qualidade tem um padrão de desempenho de “zero defeitos”.
É importante nos questionarmos se esses conhecimentos, que se mantiveram presentes ao longo de um quarto de século e ainda são referências para a tomada de boas decisões, irão se manter pelos próximos anos, quando a promessa é de que muitos dos serviços realizados hoje pelos seres humanos serão automatizados. Pelo que está posto para nós, eu não duvidaria disso.
Trabalhamos com afinco para conectar ideias geniais/disruptivas aos conceitos consagrados no PMO da empresa, tudo isso em prol da melhoria contínua na entrega de produtos e serviços para nossos clientes.
30 de maio de 2018 | Atualizado dia 30 de maio de 2018